quarta-feira, 9 de julho de 2008

Obra em regresso

Enquanto as ondas de pessoas desciam a Joaquim Nabuco ao som oco dos tambores via que o olhar da branca se misturava no meu. Se me empurraram para a Jorge Amado vi que nada havia visto. E ela ali. Pronta, exata para a mutação do samba.
O calor me retirava os sucos do corpo e fazia meu suor cheirar a benção. Eu queria chegar perto do mar e dizer para ela me deixar gostar. No entanto, a Bahia, eu, tudo estava aqui em mim, ao som dos incultos, dos que nada queriam.
E a branca veio na direção da Fernando Pessoa. Nos cruzamos na Abaeté, senti o cheiro doce misturado com telenovela. Ela, ali, na base militar do afoxé. Eu, parado, esperando Fidel e o fel dela. Ao ver em mim, o que é de mais sagrado, vi todo o carnaval passar.
Sentado, mas, te ouvindo, tomei o suspiro dos santos bem na entrada da Gregório de Matos Guerra. A minha boca maldita só pensava na tua. E quando dei por mim, não havia saído da sala, da cadeira. E você, nem existia.


TEXTO DE ALESSANDRO SANTOS, o nosso jornalista do Marista Ipanema!

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